Gestão Interina em 6 facetas (Parte 2) - Recurso Instrumental x Recurso Funcional

Neste tópico da série, a literatura disponível é utilizada para identificar a diversidade e retrabalhar isso em um modelo tentativo de Gerenciamento Interino, dentro do contexto de processos organizacionais mais amplos.

Segunda, 23 de junho de 2025


Gestão Interina em 6 facetas

II - Recurso Instrumental x Recurso Funcional

Neste tópico da série, a literatura disponível é utilizada para identificar a diversidade e retrabalhar isso em um modelo tentativo de Gerenciamento Interino, dentro do contexto de processos organizacionais mais amplos.

Encontra-se comumente o termo "restrição de recursos" nas definições de Interim Management, mas seu significado exato mostra pouca consistência na prática.

Pode se referir ao preenchimento de uma vaga de um funcionário que está temporariamente ausente (por exemplo, em licença maternidade/paternidade), como para dirigir uma empresa durante um período, que pode ser de grande mudança estratégica.

Assim, na maioria das vezes, a “limitação de recursos” é apenas isso: preencher uma vaga permanente numa base temporária ou “manter um assento quente” para um funcionário ausente. Esses gestores intermediários não fazem nada mais que preencher a lacuna que surgiu e manter o status quo. Chama-se esse tipo de recurso 'instrumental'.

Uma variação mais sofisticada sobre este tema - o “recurso funcional” – envolve a contratação de um Gerente Interino em uma base de "terceirização" para preencher uma lacuna de “skill” (entendido como “expertise”, proficiência) que não pode se encontrar dentro da Organização.

Aqui o Gerente Interino atuará de forma muito específica e predefinida, geralmente com discrição sobre como, mas não sobre o que é feito, por exemplo, instalar sistemas de TI/gestão ou reestruturar processos de negócios.

Pode-se pensar neste tipo de Gestão Interina como "consultoria aplicada", ou seja, prestar aconselhamento especializado, mas também com o Interino envolvido com o pessoal permanente, na sua implementação.

Aqui, os Gestores Interinos provavelmente terão elevado nível de especialização funcional e operam num ambiente de mercado em que estas Competências estão em demanda, ou seja, onde as organizações necessitam de recursos funcionais.

Gestão Interina: Situações de Aplicabilidade

Ambos os padrões diferem na motivação dos Gestores Interinos como escolha de carreira positiva, cuja especialidade lhes garante níveis de recompensa e autonomia superiores àqueles disponíveis como empregados convencionais.

Muitos analistas deste tipo de Gestão Interina enfatizam a importância da experiência profissional empresarial, especialmente a capacidade de gerar soluções para novos problemas de negócios.

Essa noção de Gestão Interina - a gestão da mudança - envolve a compreensão de recursos temporários como transitórios (não tendentes a obter permanência) e a gestão de um período de mudança entre diferentes estágios de transformação orgânica.

Por exemplo, uma Organização deprimida ou reduzida pode contratar um Gerente Interino, que pode ser um meio necessário para resolver problemas na ausência de "memória corporativa".

Em contrapartida, a rápida expansão, especialmente em novos mercados, cria necessidade de um Gerente Interino para fornecer uma ponte, estabelecendo novas operações, enquanto a Organização treina ou recruta pessoal permanente, mantendo a dinâmica de mercado que seria, de outro modo, perdida.

Ou ainda, o Gerente Interino também pode estar preenchendo um “gap” cultural.

Quando uma Organização tenha sofrido uma crise que a obrigue a se “reinventar” ou sofrido uma mudança de propriedade, pode ser considerado um executivo Sênior como um Gestor Interino para estabelecer um novo tom cultural, desembaraçado da bagagem histórica e política do regime anterior.

Menos dramaticamente, a Gestão Interina pode ser usada para alavancar ideias e métodos em Organização em processos de mudança, fornecendo modelos e inspiração para a adoção de processos desafiadores de trabalho.

Não surpreendentemente, o papel gerencial associado aos recursos transicionais envolve tarefas de natureza mais estratégica e empresarial. Judith Oliver, em artigo para a "Management Today", cita Wood, que utiliza o aspecto da senioridade como um componente essencial da sua definição de Gestão Interina: um 'Recurso executivo de alta qualidade, útil no preenchimento de nível de diretoria e gestão sênior em posições temporárias, durante mudanças e/ou de crise nos setores privado e público".

Há uma distinção entre um “temporário de alto nível" que, por inferência, realiza um trabalho funcional onde mudança não é necessária - recurso funcional - e um Gerente Interino, do qual a Organização espera seja um agente de mudança.

A dimensão de senioridade também está implícita em caracterizações do Gestor Interino ideal: geralmente super qualificado para a posição em que atuará; anos de experiência prática em um nível superior que lhe permita fazer uma contribuição imediata para o negócio.


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