O que tem a ver a GESTÃO EMPRESARIAL DE ALTO NÍVEL com as toucas holandesas de pontas das abas para baixo ou para cima?

Imagine uma sociedade organizada por “pilares”, estamentos fechados e verticalizados, praticamente sem permeabilidade entre si.

Sábado, 03 de maio de 2025


A Holanda (Países Baixos - formados por 12 Províncias, entre as quais as das Holandas do Norte e do Sul)) era assim (ainda há resquícios disso), organizada em pilares (“zuilen”) fundamentais, o Católico, o Protestante, o Social-Democrata e o quarto, o daqueles que não se identificavam com os anteriores (ateus e protestantes liberais, de classe alta ou média alta), que formavam o pilar Geral.

Enfeixando todos eles, a Monarquia representada pela Casa de Orange.

Esses “pilares sociais” implicavam a constituição de entidades sociais próprias, como jornais, rádios e televisões, partidos políticos, sindicatos, escolas, universidades e hospitais, clubes sociais e esportivos, cooperativas, grupos escoteiros etc

As décadas de 1960 e 1970 viveram o “ontzuiling” (literalmente, despilarização), quando a juventude rompeu com o sistema quase de castas e impulsionou uma forte mudança cultural, apoiada em temas como a defesa do meio ambiente, direitos das mulheres, sexualidade e desarmamento.

O ápice dessa transformação se deu nos anos 70, consolidando a moderna Holanda de hoje.

A economia holandesa já não era baseada apenas em queijos e tulipas, e nessa mesma época alcançou resultados significativos na exploração de gás natural.

Mudanças sociais e econômicas levaram empresas holandesas a buscar um modelo de gestão que lhes permitisse ter, rapidamente e por tempo limitado, acesso a talentos de alta gerência, viabilizando tarefas e projetos importantes e alavancando novas iniciativas que essas mesmas empresas queriam empreender, sem perder suas capacidades nos negócios existentes.

Ao formar um painel de executivos seniores experientes e alocando-os em várias e diferentes empresas, para cumprir atividades específicas de gerenciamento de alto nível, criaram o conceito de Gestão Interina.

O grau de flexibilidade, escalabilidade e eficácia que o modelo proporcionou fez com que se consolidasse e, na década seguinte, fosse adotado na Alemanha e no Reino Unido. E daí para o restante da Europa Ocidental e Estados Unidos.

No Brasil, a EKSPER é sinônimo de Gestão Interina. Quanto às toucas, pontas para cima ou para baixo, indicavam pertencimento ao pilar católico ou ao protestante. Agora são folclore.

E a Gestão Interina faz parte da modernidade holandesa.


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